Foram mais de 1,88 milhões de novos casos de câncer de intestino em 2020, segundo o Global Cancer Observatory – GLOBOCAN 2020. Além disso, a estimativa para 2040 é que este número aumente para 3,08 milhões de novos casos em todo mundo.
O câncer de intestino é multifatorial, mas diversas pesquisas demonstraram que padrões alimentares ricos em fibras, vegetais, frutas, peixes e moderado consumo de laticínios nos protege contra esse tipo de câncer. Ao contrário de uma alimentação rica em carne vermelha, carne processada (embutidos), grãos refinados e açúcares, que tendem a aumentar o risco de desenvolver essa doença.
ESTUDOS NA ÁREA DE NUTRIÇÃO
Um dos estudos mais importantes nesta área é o EPIC – Investigação Prospectiva Europeia sobre Câncer e Nutrição. Nele, os pesquisadores investigaram 4 padrões de nutrientes associados ao recordatório de 24h e a relação com o risco de câncer de intestino em 23 centros de 10 países europeus. A partir desse estudo, outro estudo foi realizado com objetivo semelhante incluindo também a relação da localização tumoral. Eles verificaram associações de uma grande variedade de vitaminas e minerais como vitamina B12, riboflavina, cálcio, colesterol, proteínas totais e fósforo parecem ser mais associadas a uma diminuição no risco de câncer de cólon proximal principalmente. Sendo assim, a questão aqui é avaliarmos a alimentação de maneira sinérgica e não nutrientes isolados, foi isso que o estudo quis nos mostrar.
OBESIDADE E RISCO DE CÂNCER DE INTESTINO
Já comentei aqui que a obesidade é um dos fatores de risco para diversos tipos de câncer, incluindo o câncer de intestino. Mas a questão não é só a gordura corporal como um todo e sim a sua localização, pois estudos mostram que o tecido adiposo localizado na região abdominal (avaliados pela circunferência da cintura e a relação cintura-quadril) estão associados com maior risco de câncer de cólon, mama pré-menopausa, endométrio, esôfago e pâncreas. Além disso, a perda de peso através de uma alimentação saudável diminui processo inflamatório intestinal, diminuindo seu risco.
ALIMENTAÇÃO E CÂNCER
Por falar em processo inflamatório associado a dieta, alguns estudos relatam que o risco de câncer de intestino é maior em pacientes que consomem em grandes quantidades carne vermelha, carboidratos refinados e gordura saturada exatamente pelo fato serem pró-inflamatórios, assim como alguns agentes mutagênicos formados quando as proteínas e carboidratos refinados são preparados em altas temperaturas formando aquela “crosta queimada” do alimento tostado, chamadas de aminas heterocíclicas. Mas não é só nesses alimentos que encontramos essas substâncias, afinal, o processamento de alimentos (ou seja, os produtos industrializados) também passam por esse processo de cocção em altas temperaturas (ainda que não queime o alimento, as aminas heterocíclicas estarão lá! Então, CUIDADO!). Assim como essas substâncias, outras, presentes nas carnes processadas por exemplo, também podem ser mutagênicas e aumentar o risco desse tipo de câncer. Foi estimado que o consumo de 100g de carne vermelha ao dia, aumenta em 17% este risco.
QUANDO OS ALIMENTOS CHEGAM NO INTESTINO
Um fator fundamental neste ponto é como estão as bactérias intestinais, pois os tipos de bactérias que ali habitam, dizem muito sobre o risco aumentado ou diminuído de câncer intestinal. Além disso, a forma como você se alimenta, alimentará suas bactérias! Sendo assim, o aumento de bactérias ruins (patogênicas) está diretamente relacionado ao aumento no risco de câncer intestinal e o consumo de uma dieta com padrão ocidental, rica em carne vermelha e processada e produtos químicos, levam a mudanças na composição e atividade dessas bactérias que produzem substâncias com potencial carcinogênico.
MAS NUTRI, E AGORA?
Segue algumas dicas:
– Diminua o consumo de carne vermelha, passe a consumi-la apenas 1 a 2x na semana,
– Evite o consumo de carnes processadas (os famosos embutidos – linguiça, salsicha, mortadela e inclusive o peito de peru que muita gente acredita ser inofensivo!),
– Aumente o consumo de fibras (por serem o alimento de bactérias boas, protegendo-nos contra o câncer),
– Aumente o consumo de frutas, verduras e legumes, seus efeitos antioxidantes protegem contra os efeitos dos radicais livres produzidos no nosso organismo,
– Mantenha seu peso adequado, junto a uma composição corporal com maior porcentagem de músculo comparado a gordura (cuidado com gordura depositada na região abdominal!).
– Siga essas dicas e se você já tem casos na família, a ATENÇÃO deve ser redobrada com a sua alimentação e estilo de vida!
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Cuide-se! Beijos da Sua Nutri,
Larissa Monteiro
Referência:
https://www.wcrf.org/dietandcancer/cancer-trends/colorectal-cancer-statistics
https://gco.iarc.fr/
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Moskal A, H Freisling, G Byrnes, et. al. Main nutrient patterns and colorectal cancer risk in the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition study. British Journal of Cancer (2016) 115, 1430–1440
De Pergola G, and Franco S, Obesity as a Major Risk Factor for Cancer. Journal of Obesity Volume 2013, Article ID 291546, 11pages
Gongora VM, Matthes KL, Castaño PR, Linseisen J, and Rohrmann S. Dietary Heterocyclic Amine Intake and Colorectal Adenoma Risk: A Systematic Review and Meta-analysis. Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention. 2018; DOI: 10.1158/1055-9965.EPI-17-1017
Nogacka AM, Gómez-Martín M, Suárez A, González-Bernardo O, de Los Reyes-Gavilán CG, González S. Xenobiotics Formed during Food Processing: Their Relation with the Intestinal Microbiota and Colorectal Cancer. Int J Mol Sci. 2019 Apr 25;20(8):2051. doi: 10.3390/ijms20082051
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