
Antigamente, médicos e profissionais da área recomendavam a margarina como substituta da manteiga para pessoas que precisavam diminuir o colesterol, já que ela era feita de origem vegetal. Tempos depois, diversos estudos mostraram que a margarina aumentava o risco de doenças cardíacas, uma vez que a fabricação dela era feita por um processo de hidrogenação, transformando o óleo vegetal em gordura sólida em temperatura ambiente, que é importante para dar textura, aeração em recheios e crocância em biscoitos, mas que também formava o que chamamos de gordura trans.
Atualmente sabemos que o consumo de alimentos ricos em gordura trans aumenta o risco de ataques cardíacos e morte por doenças coronarianas. A partir disso, em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou uma ação chamada REPLACE com objetivo de eliminar globalmente as gorduras trans produzidas pelas indústrias até 2023.
Com isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em 2021, adotou uma regulamentação limitando em 2% o limite de gorduras trans nos óleos e alimentos e no início de 2023, outro regulamento que proíbe todos os óleos parcialmente hidrogenados produzidos pela indústria nos alimentos.
Com este cenário, as indústrias precisaram encontrar alternativas à produção de alguns alimentos ultraprocessados, e também das margarinas de mesa, mas que mantivessem o sabor e textura que já conhecemos, sem aumentar o teor de gordura saturada, assim, novos processos foram adotados. Foi o caso dos processos de interesterificação, fracionamento e cristalização, e que atualmente, pode-se utilizar entre 50% a 80% de óleo de palma na formulação das margarinas a depender do processo utilizado e o processo de organogel, que busca diminuir o teor de gordura tradicionais, substituindo-as por outros tipos, como a cera de girassol.
Se você observar a lista de ingredientes da margarina, verá que eles utilizam algum óleo vegetal, normalmente o óleo de soja, e o óleo de palma para a fabricação. E por isso, atualmente estou vendo colegas nutricionistas dizerem que a indústria melhorou a produção da margarina e, sim, realmente houve uma melhora. O que é muito bom!
Porém, não deixa de ser um alimento ultraprocessado e mais do que isso, ainda não há estudos relacionando todos esses processos de industrialização e a nossa saúde, quais os impactos, riscos ou benefícios, a longo prazo.
Então, aquela famosa frase: “desembale menos e descasque mais” é uma ótima forma de expressar que devemos consumir mais alimentos naturais ou minimamente processados e devemos evitar os ultraprocessados, aqui no caso: a margarina.
E agora, melhor escolher margarina ou manteiga? Te conto, com mais detalhes, no próximo texto e nas minhas outras redes sociais.
Cuide-se! Beijos da Nutri,
Larissa Monteiro
Referências:
https://www.who.int/teams/nutrition-and-food-safety/replace-trans-fat
Countdown to 2023: WHO report on global trans-fat elimination 2020. Geneva: World Health Organization; 2020. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
Thaís Jordânia Silva, Daniel Barrera-Arellano, Ana Paula Badan Ribeiro, Margarines: Historical approach, technological aspects, nutritional profile, and global trends, Food Research International, Volume 147, 2021, 110486, ISSN 0963-9969,
https://doi.org/10.1016/j.foodres.2021.110486.
K.C Hayes & Andrzej Pronczuk (2010) Replacing Trans Fat: The Argument for Palm Oil with a Cautionary Note on Interesterification, Journal of the American College of Nutrition, 29:sup3, 253S-284S, DOI: 10.1080/07315724.2010.10719842
Birsen Yılmaz & Duygu Ağagündüz (2022) Fractionated palm oils: emerging roles in the food industry and possible cardiovascular effects, Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 62:7, 1990-1998, DOI: 10.1080/10408398.2020.1869694
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